Dodge 1800 antes de seu lançamento ele tirou o sono dos diretores da Ford, GM e VW, a ideia da Chrysler, foi simplesmente genial, trazer para o Brasil um modelo de médio porte, mais moderno, luxuoso e eficiente que os atuais compactos e médios que já rodavam por aqui.
A ideia começou em 1971, após a fábrica da Dodge ser 100% finalizada, e sua produção de veículos V8 estar indo de vento e popa. Ainda longe do monstro da crise do petróleo, a marca decide dar mais uma paço e entrar na briga dos médios e compactos.
A montadora transformou o compacto Chrysler Avenger, que rodava nos Estados Unidos e nos principais países da Europa, no Dodge 1800, adaptou todo o projeto para as condições brasileiras, especialmente para a péssima qualidade do nosso combustível.
Entre os anos de 1971 e 1972, a notícia caiu feito uma bomba nos ouvidos do auto escalão dos responsáveis pelas montadoras Chevrolet, Volkswagen e Ford aqui no Brasil. E a ameaça Dodge Chrysler era real e concreta, chegaria em 1973 e traria uma proposta única, eficiente e muito atraente para o público brasileiro.
O brasileiro passaria a ter um modelo médio, ao preço de um Ford Corcel, porém com um acabamento primoroso, e ainda ofereceria alguns opcionais interessantes, como câmbio automático e até ar condicionado.
O fator propulsor e plataforma foi outro fantasma que tirou o sono das concorrentes Volkswagen, Chevrolet e Ford. O Projeto Dodge 1800, chegaria com motor 1.8, na teoria se tornaria o carro mais ágil e de melhor velocidade do Brasil dentro do segmento, bem a frente dos VW 1600 e do motor 1.4 da família Ford Corcel.
A suspensão do médio Dodge Chrysler era outro fator importante, entregava a mesma maciez que o médio da Ford, porém mantinha o carro mais preso ao chão em curvas e mais estável em retas.
O câmbio era outra virtude do doginho, macio de engastes precisos, e muito eficiente em trocas de marchas mais rápidas, principalmente em ultrapassagens e retomadas. Com tantos atributos, entre os anos de 1971 e 1972, Chevrolet, Ford e Volkswagen, correram para suas matrizes e pediram ajuda.
A Chevrolet de olho no rentável mercado dos compactos dos refrigerados a ar da Volkswagen, e na possibilidade de sucesso do doginho, traz para o Brasil, a terceira geração do Opel Kadett, o Chevette.
A Ford, volta para as pranchetas, e lança o Corcel 1973, com um visual mais jovem e todas as versões passam a ser equipadas de série com o motor 1.4. E surge a campanha da montadora com isenção de diversas taxas para frotistas, mas apenas para as versões de entrada na carroceria 4 portas.
A Volkswagen tinha 3 projetos que estavam prontos para saírem do forno na Alemanha, eram 3 cartas na manga para resolver o problema. As duas primeiras e mais viáveis eram o VW Golf e o VW Polo, que seriam lançados em 1974, mas isso poderia matar a o faraônico mercado dos refrigerados a ar aqui no Brasil que rendia para a marca lucros estratosféricos.
A solução foi trazer o projeto mais caro, o VW Passat, um modelo com perfil médio/compacto, que não entraria em uma briga direta com os refrigerados a ar, mas poderia encarar de frente o Ford Corcel e o novo Dodge 1800. VÍDEO.
Mas para, Volkswagen, Chevrolet e Ford, tudo não passou de um susto. Já nos testes das principais revistas automotivas do país, algo parecia errado com o novo doginho. Um modelo que pesava apenas 990 kg, equipado com um motor 1.8 e com um câmbio elástico, tinha um desempenho de um carro 1.3 refrigerado a água ou de um modelo 1500 refrigerado a ar.
Nos testes também foi verificado que o carro acabava tendo um consumo de combustível acima do esperado, quando o motor ficava por longos períodos em altas rotações ou com o veículo com carga máxima de peso.
As dúvidas e os receios, se confirmaram nas concessionárias e no dia a dia. O carro tinha um desempenho bem abaixo do esperado e um consumo acima do informado pela montadora. O grande vilão era o Carburador solex 32 que não se adaptou ao projeto.
Em uma tentativa desesperadora a Dodge, substituí pelo carburador Lucas, que equipou poucas unidades e logo foi substituído pela solução final e a mais eficiente o carburador japonês Hitachi.
Mas isso já no final de 1974, quando os problemas foram resolvidos, e em 1975 o Dodge 1800, já entregava 82 cv de força, com velocidade final real de 148 km/h, com todo o conforto, segurança e confiabilidade de um produto Dodge, a vaca já havia ido para o brejo.
Em 1975 a imagem do carro já havia sido manchada, mesmos e tornando no final da década de 1970 um dos carros nacionais mais eficiente, de melhor qualidade e mais confortável, os modelos acabaram ficando encalhados nas concessionárias.
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